Xavantes pedem nomeação de índio na chefia do distrito

Campinapolis News
Rd News
03-Set-2009

Lideranças xavantes se reuniram com representantes da Funasa e da Funai de Mato Grosso, em Barra do Garças, para falar sobre a manifestação que culminou no fechamento do prédio da Funasa no município. O procurador da República Mário Lúcio Avelar participou do encontro. Os xavantes, maior etnia do Estado, permanecem irredutíveis na exigência da mudança do chefe do distrito e da casa de apoio (Casai) na cidade. Cerca de 60 lideranças participaram da reunião no hospital Dom Bosco onde funciona a casa de apoio. As 60 lideranças de nove terras indígenas, representando 15 mil xavantes, pediram ainda ao coordenador regional da Funasa, Marco Antônio, a nomeação de Lino Xavante para diretor do distrito e Pascoalina Rêtari’õ para conduzir a Casa de Apoio. Pela primeira vez, os xavantes indicam uma mulher para um cargo.

Já Lino esteve em cargo comissionado na Funai em Goiás. O coordenador Marco Antônio deve avaliar o pedido. O coordenador de Povos Indígenas da Funasa, Edson Beiriz, disse que convidou a mídia nacional para ver a mortandade de xavante no Araguaia. A antropóloga Jacira Monteiro de Assis Bulhões, do MPF, veio de Brasília para acompanhar o impasse que paralisou a unidade da Funasa no Araguaia.

Em clima tenso, as novas lideranças denunciaram as mortes de xavantes e o descaso na saúde indígena. “Não temos água potável. Os xavantes estão morrendo. Queremos socorro” declarou Agnello Xavante. Edmundo Omore, presidente do Condise, pediu intervenção no distrito de Barra e reivindicou saneamento básico. Ao final da reunião, o procurador Mário Lúcio Avelar disse que o Ministério Público Federal vai apurar a aplicação do recurso financeiro da saúde indígena e citou as Ongs Idet, que recebe R$ 4 milhões, e ONT, com R$ 340 mil por mês. “Eu preciso saber quanto é o recurso para saber se ele está sendo desviado” explicou Avelar.

O procurador parabenizou a postura dos índios que participaram da reunião. “Isso é bom para eles e para sociedade”. Avelar preferiu não comentar sobre a possibilidade de substituir o chefe do distrito, mas alertou aos índios que se eles assumirem o comando e falharem serão cobrados duas vezes mais. (Ronaldo Couto, de Barra do Garças)