Campinapolis News
Por: ANA PAULA BORTOLINI
10-Agosto-2009
Índios xavantes prometem guerra e anunciam uma chacina, caso o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF) decida pela permanência de fazendeiros e posseiros na Terra Indígena Marãiwatsede, também conhecida como fazenda Suiá-Missu, na região do Vale do Araguaia.
O julgamento do mérito de uma ação proposta pelo Ministério Público Federal (MPF), com decisão favorável aos índios na Justiça Federal, é esperada para o dia 14 de agosto. Nesta data, os Xavantes prometem ir até Brasília (DF) para acompanhar a sessão.
"Se com a diplomacia o resultado for negativo, vamos fazer a retirada deles a força, porque nós buscamos a retomada de uma terra que é nossa", afirma o cacique Crisanto Rudzo Tseremey"wá, presidente da Associação Indígena Xavante Norotsura (Asixnor).
A situação é tensa e a Fundação Nacional do Índio (Funai) de Goiânia, que administra a região, tem orientado os índios a conterem os ânimos até a decisão judicial. O administrador regional da Funai de Goiânia, Edson Beiriz, avalia que o clima é ainda pior do que o observado na Reserva Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, onde também havia utilização ilegal da área para a produção de grãos.
"Aqui é pior porque os invasores são bandidos que fazem parte de uma quadrilha que fabrica títulos falsos de uma área pública e usa posseiros como massa de manobra", disse.
Desde a década de 60, quando foram retirados da área em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) e levados para a reserva indígena São Marcos, em Barra do Garças (509 km a leste de Cuiabá), os índios brigam pela retomada do local. Pessoas já morreram e inúmeros confrontos aconteceram. Conforme o cacique, não foram raras as vezes que os fazendeiros incitaram e recrutaram grileiros e sem-terras a provocar confrontos com os índios e impedir o retorno.
Dos mais de 165 mil hectares da terra indígena, os índios ocupam apenas 30 mil hectares, o que correspondente a área de apenas uma fazenda e o entorno dela. O local foi tomado após invasão em 2004, depois de permanecerem por 10 meses acampados em barracos de lona às margens da BR-158 às beiras de um lago, matando a sede no mesmo lugar por onde passavam animais, mas a retomada nunca pode ser expandida.
No dia da entrada, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgava o processo que permitiria a permanência dos índios na área. No entanto, antes mesmo da sentença, eles arrumaram as trouxas e invadiram a terra indígena, surpreendendo os fazendeiros, que revoltados foram até a rodovia e queimaram o que sobrou dos barracos.
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