domingo, 12 de julho de 2009

Outros 39 militares são investigados

Escrito por Joanice de Deus / Diário de Cuiabá
12-Jul-2009
Apurações da PF revelam envolvimento, enquanto Comando da PM se esquiva de declarações e afirma que Corregedoria está a par do caso
Num rastro de corrupção pelo Vale do Araguaia, membros da corporação, de coronéis a soldados, são associados a crimes de pistolagem e tráfico


Um relatório do Grupo de Atuação Contra o Crime Organizado (Gaeco) sobre a quadrilha de grileiros e estelionatários desarticulada durante a Operação Pluma cita mais 39 integrantes da Polícia Militar de Mato Grosso, de coronéis a soldados, como suspeitos de envolvimento em práticas criminosas com o bando.

Na semana passada seis oficiais da corporação foram presos pela Polícia Federal, entre eles o ex-comandante geral da PM, coronel Adaildon Costa, e o homem apontado pelo relatório como “chefe” da ação fardada, tenente-coronel Elierson Metello..
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As informações constam em um levantamento oriundo das investigações que auxiliaram a operação federal, que levou 16 pessoas à prisão. Os agentes militares, que em tese deveriam oferecer segurança a população, são apontados como suspeitos de envolvimento com esquemas de tráfico de drogas, assaltos, roubos de gado, contrabando de armas e homicídios.

Os indícios da prática contumaz dos crimes são fortes, mas ainda carecem de investigações aprofundadas sobre a “máfia” que supostamente envolve dezenas de membros da PM.

A atuação mais intensa dos servidores públicos corruptos acontecia na região do Vale do Araguaia, área foco das investigações de grilagem. Entre os novos suspeitos, nove são cabos, cinco majores, 12 soldados e seis sargentos citados nas revelações. A maior parte dos policiais envolvidos com os crimes seria dos comandos de Água Boa, Barra do Garças e Vila Rica. “Existe na Polícia Militar na região um problema gravíssimo de corrupção”, disse uma fonte que não quis de identificar.

Os crimes não se limitam às patentes. Os nomes dos policiais envolvidos não podem ser revelados para não prejudicar as investigações. As atrocidades de quais os militares são suspeitos chocam. Um cabo é citado como principal suspeito de queimar e depois assassinar três pessoas na cidade de Vila Rica a mando de um tenente.

Outros três soldados teriam participado de um assalto armado ao Banco do Brasil do mesmo município. Indícios revelam a possível participação de um capitão em um grande esquema de tráfico de drogas, que contava também com a colaboração de um soldado que fornecia munição para os traficantes.

Há na corporação até mesmo um sargento aposentado, que age com dois filhos também militares, liderando uma quadrilha da região de Barra do Garças, envolvidos em crimes que vão de contrabando de armas a tráfico de drogas. Há ainda militares envolvidos com roubo de defensivos agrícolas, furtos de madeiras e tráfico interestadual de peixes de áreas indígenas.

A reportagem do Diário procurou o Comando Geral da Polícia Militar para falar sobre o envolvimento de dezenas de policiais em crimes na região. Porém, a PM se restringiu a informar, via assessoria de imprensa, que a participação dos militares é investigada pela Corregedoria da corporação e que a decisão do comandante, coronel Antônio Campos Filho, é de não falar mais sobre qualquer assunto envolvendo a Operação Pluma. (Colaborou Joanice de Deus)

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