Por: KEITY ROMA
23-Mai-2009
A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) pediu a intervenção do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF) para reaver cinco caminhonetes do órgão que foram furtadas para suposto uso particular por lideranças indígenas da etnia Xavante, na região de Campinápolis.
A ação pode agravar problemas de mortalidade infantil indígena, que na área atinge índices alarmantes. A PF de Barra do Garças está analisando quais medidas serão tomadas para evitar que o conflito com os índios se agrave.
“É uma situação delicada. Estamos conversando com a Funai para negociar a devolução dos veículos. Há na área muitos índios e é inviável mandar policiais armados para entrar nas aldeias”, declara o delegado da PF de Barra do Garças, Vinicius Borges. As viaturas são usadas pelo órgão para prestar atendimento de saúde às comunidades da região. Seriam quase 100 aldeias, com cerca de 15 mil índios.
Além de impedir a visita dos profissionais aos doentes nas aldeias por falta de logística, a situação está amedrontando servidores públicos. “Tem funcionários que estavam nos veículos tomados pelos índios e sequer voltaram para trabalhar depois. Está ficando difícil”, alerta o coordenador regional da Funasa, Marco Antônio Stangherlin.
Os furtos aconteceram em aldeias e circunstâncias diferentes. No último deles, realizado sexta-feira por índios da Aldeia Santa Clara, três profissionais que estavam no carro foram expulsos do veículo e tiveram de caminhar na chuva por 15 quilômetros até conseguir carona para retornar ao Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei).
A prática não é nova na região, mas se agravou nos últimos meses. “Eles sempre fizeram isso, mas só nos últimos 60 dias já são quatro veículos furtados, dois deles recém adquiridos pelo órgão. A retenção está inviabilizando o trabalho”, defende Stangherlin. As caminhonetes furtadas são dos modelos L 200, Frontier e Ranger, num prejuízo de cerca de R$ 350 mil. O órgão deslocou carros de outras unidades para a continuidade do atendimento.
A Funasa está tentando negociar com os índios por meio do Conselho Indígena, mas ainda não obteve sucesso. “Não sabemos quais são as reivindicações, por que não se manifestaram. O que temos conhecimento é que estão usando os veículos em benefício próprio”, denuncia o coordenador da Funasa. Hoje, a Funasa reforçará a frota estadual com a entrega de 19 veículos novos, doze carros e sete ambulâncias. “Espero que esses veículos não sejam retidos também, já que os índios reclamam da falta de viaturas”.
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